Futebol

 

 

O futebol (do inglês association football ou simplesmente football) é um desporto colectivo jogado entre duas equipas de 11 jogadores cada um e um árbitro que se ocupa da correcta aplicação das normas. É considerado o desporto mais popular do mundo, pois cerca de 270 milhões de pessoas participam nas suas várias competições. É jogado num campo rectangular relvado (natural ou sintético), com uma baliza em cada lado do campo. O objectivo do jogo é deslocar uma bola através do campo para colocá-la dentro da baliza adversária, acção que se denomina golo. A equipe que marca mais golos ao término da partida é a vencedora.

O jogo moderno foi criado na Inglaterra com a formação da Football Association, cujas regras de 1863 são a base do desporto na actualidade. O órgão regente do futebol é a Fédération Internationale de Football Association, mais conhecida pela sigla FIFA. A principal competição internacional de futebol é o Campeonato do Mundo FIFA, realizada a cada quatro anos. Este evento é o mais famoso e com maior audiência de entre todas as competições futebolísticas.

 

História

 

Origens

 

A actividade mais antiga que se assemelha ao futebol moderno da qual se tem conhecimento data dos séculos III e II a. C., o jogo chamava-se ts'uh Kúh (cuju), e consistia em lançar uma bola com os pés para uma pequena rede. Uma variante incluía uma modalidade onde o jogador deveria passar pelo ataque dos seus adversários.

 

No Mediterrâneo destacaram-se duas formas de jogo: o harpastum, em Roma, e o epislcyros, na Grécia, sobre o qual se tem pouca informação. O primeiro era disputado por duas equipas num terreno rectangular demarcado e dividido ao meio por uma linha. Os jogadores de cada equipa passavam uma pequena bola entre eles e o objectivo era enviá-la para o campo contrário. Esta variante foi muito popular entre os anos 700 e 800.

 

Durante a Era dos Descobrimentos, começou-se a conhecer desportos provenientes do Novo Mundo. Estima-se que o pok ta pok, da cultura maia, teria 3 000 anos de história. Na Gronelândia também se jogava um desporto que se assemelhava ao futebol.

 

Nos finais da Idade Média e séculos posteriores desenvolveram-se nas Ilhas Britânicas e em zonas circunvizinhas, distintos tipos de jogos colectivos, os quais eram conhecidos como códigos de futebol. Estes códigos foram se unificando com o passar do tempo, mas foi na segunda metade do século XVII que ocorreram as primeiras grandes unificações do futebol, que deram origem ao rugby, ao futebol americano, ao futebol australiano, entre outros, e ao desporto que hoje é conhecido em grande parte do mundo como futebol.

 

Os primeiros códigos britânicos caracterizavam-se por terem poucas regras e pela sua extrema violência. Um dos mais populares foi o futebol escolar. Por esta razão o futebol escolar foi proibido na Inglaterra por um decreto do Rei Eduardo III, que alegou ser um desporto não-cristão, e a proibição perdurou por 500 anos. O futebol escolar não foi a única forma de jogo da época; de facto, existiram outras formas mais organizadas, menos violentas e, que, inclusive se desenvolveram fora das Ilhas Britânicas. Um dos jogos mais conhecidos foi o calcio fiorentino, originário da cidade de Florença, em Itália, no período da renascença, no século XVI. Este desporto influenciou em vários aspectos o futebol actual, não somente pelas suas regras, mas também pelo ambiente de festa em que se jogavam estas partidas.

 

Unificações do século XIX

 

Os clubes britânicos dividiram-se em relação ao jogo denominado rugby e, enquanto vários decidiram segui-lo, outros decidiram rejeitá-lo, devido ao facto de que, nestes a prática de não tocar na bola com a mão era mais aceite. Entre estes últimos se encontravam os clubes de Eton, Harrow, Winchester, Charterhouse e Westminster. Em meados do século XIX foram dados os primeiros passos para unificar todos as regras e formas de jogo do futebol num único desporto. A primeira tentativa foi em 1848, quando na Universidade de Cambridge, Henry de Winton e John Charles Thring convocaram membros de outras escolas para regulamentar um código de regras, o Código Cambridge, também conhecido como as Regras de Cambridge. As regras tinham uma semelhança significativa com relação as regras do futebol actual. Talvez amais importante de todas, foi a limitação das mãos para tocar a bola, passando a responsabilidade de mover a mesma apenas com os pés. O objectivo do jogo era fazer passar uma bola entre dois postes verticais e por baixo de uma fita que os unia o maior número de vezes (acto chamado golo) ganhando a equipa marcasse mais golos. Os documentos originais de 1848 perderam-se, mas é conservada uma cópia das regras do ano 1856.

 

Entre 1857 e 1878 foi utilizado um conjunto de regras de futebol que também deixaria características ao futebol moderno: o Código Sheffield, também conhecido como as regras de Sheffield. O código, criado por Nathaniel Creswick e William Prest, adoptou regras que ainda hoje são utilizadas, como o uso de uma trave (poste horizontal) de material rígido, no lugar da fita que se usava até o momento. Também foi adoptada a utilização de pontapés livres, cantos e lançamentos laterais como métodos de reintrodução da bola no jogo.

 

Embora estas unificações de futebol levassem a vários avanços para a criação do futebol moderno. Considera-se 26 de Outubro de 1863, como o dia do nascimento do futebol moderno. Nesse dia, Ebenezer Cobb Morley iniciou uma série de seis reuniões entre 12 clubes de distintas escolas londrinas na Taberna Freemason's, com o objectivo de criar um regulamento de futebol universal e definitivo, que tivesse a aceitação da maioria. Concluídas as reuniões, em 8 de Dezembro, onze dos doze clubes chegaram a um consenso para estabelecer 14 regras do novo regulamento, o qual recebeu o nome de association football, para diferenciá-lo de outras formas de futebol da época. Somente o clube Blackheath se negou a apoiar a criação destas regras e acabou, mais tarde, por se tornar um dos criadores de outro famoso desporto, o rugby.

 

O regulamento utilizado como base para o futebol foi o Código de regras de Cambridge, excepto dois pontos do mesmo, que eram considerados de muita importância para as regras actuais: o uso das mãos para transportar a bola e o uso contacto físico brusco para tomar a posse de bola do rival. Este foi o motivo do abandono do clube Blackheath. Com o tempo o futebol e o rugby foram se distanciando e acabaram por serem reconhecidos como dois desportos distintos.

 

Junto da criação do novo conjunto de regras foi criada a Football Association, órgão que rege, até hoje, o futebol em Inglaterra. Nessa época, os estudantes das escolas inglesas desenvolveram as abreviaturas rugger e soccer (derivado de "association"), para designar ambos desportos, o rugby e o futebol, respectivamente. Este último termo é maioritariamente utilizado para designar o futebol nos Estados Unidos.

 

Primeiros eventos

 

Já com as regras do futebol bem definidas, começaram-se a disputar os primeiros jogos e torneios com esta nova modalidade. Em 30 de Novembro de 1872, Escócia e Inglaterra disputaram a primeira partida oficial entre selecções nacionais, que acabou num empate sem golos. A partida foi disputada no Hamilton Crescent, actual campo de críquete, em Patrick, Escócia. Entre Janeiro e Março de 1884, foi disputada a primeira edição do British Home Championship, que até ao seu término foi o torneio entre selecções mais antigo da história. O primeiro título foi ganho pela Escócia.

 

Em 20 de Julho de 1871, um jornal britânico propôs a criação de um torneio que fosse organizado pela Football Association, o primeiro passo para a criação do Campeonato de Inglaterra. Nesse ano, a Football Association era composta por 30 equipas, mas somente 15 decidiram participar da primeira edição do torneio, a FA Cup de 1871-1872, que foi ganha pelo Wanderers F.C. A primeira competição de liga chegou na temporada de 1888/1889 com a criação da Football League. Participaram 12 equipas afiliadas à FA, e cada uma jogou 22 partidas. Este torneio foi vencido pelo Preston North End Football Club, que conseguiu permanecer-se invicto durante a competição.

 

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