Distúrbios

 

 

Transtornos Alimentares na Adolescência

Actualmente já se descreve o que poderia ser chamado de comportamento de risco para desenvolver um distúrbio alimentar. Em geral, os pacientes bulêmicos ou anorécticos, muito antes da doença estabelecida, já apresentavam alguma alteração emocional e do comportamento.  

Emocionalmente esses pacientes de risco apresentavam alguma crítica constante a alguma parte do corpo, insatisfação com o peso, enfim, alguma alteração na percepção corporal (Dismorfia) com diminuição gradativa de suas actividades sociais.  

Comportamentalmente, apresentavam hábito de fazer dieta mesmo quando o peso estava proporcional à estatura e, mesmo ao perderem peso, continuavam com a dieta.

Para alterações na Conduta Alimentar é necessário que a pessoa tenha uma auto-imagem alterada quantitativamente ou qualitativamente. Pode achar-se muito gorda, quando na realidade seria apenas “cheinha”, pode ver-se apenas gorda, quando na realidade é normal ou até magra, enfim, pode ver-se (e sentir) distante de algum padrão ideal de configuração.  

 O conceito ideal actual a se perseguir incessantemente é ser belo(a), jovem e magro(a).

As pessoas em geral, e os adolescentes em particular, costumam crer que modelos, artistas de cinema e de televisão sejam protótipos a serem copiados. A questão estética deixa, assim de ser harmonia e passa a ser imposição.  

O tema tem sido predominantemente tratado em assuntos da adolescência por que se estima que 50% dos casos de Bulimia Nervosa ocorra antes dos 18 anos, porém como seu diagnóstico não tem sido fácil nessa faixa etária, tem-se a impressão de sua incidência ser maior acima dessa idade.  

A média de idade do início da Bulimia Nervosa foi de 16 anos, variando de 13 a 19 anos (Herzog et al, 1991). Sua principal característica são os episódios de comer-compulsivo (binge-eating) e esse comportamento é caracterizado por ingestão de alimentos muito calóricos, de forma compulsiva até o limite da capacidade gástrica e num espaço de tempo inferior a duas horas.

Nessas crises chega-se a ingerir até 20.000 cal, depois das quais sobrevém um sentimento de culpa e uma tentativa de compensar o pecado com horas de exercício físico exaustivo ou, literalmente, por livrar-se da comida através do vômito, laxantes e/ou diuréticos.

Em 30% dos casos de Bulimia há provocação de vômitos. Alguns usam diuréticos ou laxativos e uma porcentagem pequena usa medicação indicada para hipotireoidismo. Esses episódios ocorrem com freqüência de até 3 vezes por semana. Os pacientes bulêmicos estão sujeitos a grande variação de peso, com ganhos e perdas freqüentes.